quinta-feira, 5 de março de 2009

Entre bitucas e monges...

Cidade grande. Multidões indo e vindo, sempre com algo em mente: trabalho, estudo, dinheiro ou algo que o valha. São seis e vinte da manhã, e a Paulista funciona como nunca. Homens dentro de ternos tomam cafézinhos preparados por tias, que acordaram as 4h, para esquentar água, e garis dispostos geométricamente pela avenida varrem as bitucas dos engravatados. A porta dos shoppings está sendo aberta, mesmo que as lojas estejam fechadas e os clientes ainda dormindo. A madrugada ainda nem acabou, e isso significa que (ainda/já) tem gente voltando pra casa. A tensão tá no ambiente, você passa e sente. Um policial de mochila cruza meu caminho, e se posiciona, para evitar possíveis delitos. Adolescentes de skate, hippies com tendinhas e ciclistas. São seis e quarenta. Dezenas de orientais, reunidos na frente do colégio, conversam, as vezes em línguas que eu nunca ouvi. Um ser remendado cruza comigo e murmura: "Aê, Jow! Me descola um cigarro, na moral?".Na moral, eu descolo. Os minutos passam e algum ativista vem me convidar pro Green-Peace...dou um jeito de ser evasivo, e ....NOSSA! É quase inacreditável quando aquela figura aparece. Dentro duma bata rosa, com a cabeça raspada, salvo uma trancinha na base da nuca, e algo laranja no meio da testa. Entre estátuas humanas, rastafaris e japoneses de cabelo colorido, aparece um monge. Sim, um monge. De certa forma até alegra meu dia. Eu poderia lhe perguntar infitas coisas, como de onde ele veio, ou por que está ali, mas ele é mais rápido e pergunta antes: "Você está feliz?". Independente de qualquer resposta dada, ele diz que não se deve estar feliz, pois feliz é um estado de espirito. Não se está feliz, se É feliz. Pra mim, besteira. Enquanto admiro a figura de um monge em plena Av. Paulista abordando pessoas, e discutindo sobre felicidade, me dou conta de que são sete vinte e tenho que ir pra aula. Todo esse caos acontece ao meu redor, e incrivelmente, QUASE não me afeta.